Quantas vezes deixou de fazer alguma coisa pelo julgamento de outras pessoas? Será que realmente somos educados a sermos disruptivos? A sair da nossa zona de conforto?
Recentemente comecei a ler um livro chamado “Vai lá e faz”, escrito por Tiago Mattos.
O livro aborda o tema empreendedorismo na era digital e durante a leitura o autor cita a frase do poeta chileno Alejandro Jodorowsky “Pássaros criados em gaiolas acreditam que voar é uma doença”, frase que me colocou para a pensar durante muitos dias e por isso estou escrevendo este texto.
A frase de Alejandro pode nos fazer refletir sobre a forma que fomos educados, sobre o método tradicional de ensino; primeiro devemos nos formar no ensino médio, entrar em uma faculdade, conseguir um emprego, comprar um carro, uma casa, constituir uma família, ter filhos, se aposentar e morrer.
Desde crianças somos estimulados a pensar em nossa estabilidade, em tirarmos boas notas para passar de ano, conseguirmos bons empregos, constituir uma família e a prover algum conforto.
Com todos os avanços tecnológicos e por mais que possamos estar vivendo em uma nova era, a era digital, a era da revolução tecnológica, o nosso sistema educacional ainda continua muito parecido ao que era antigamente: massificado, segmentado e com um sistema de avaliações que leva em consideração principalmente a capacidade de memorização do aluno.
Consegue perceber a semelhança do método de ensino tradicional com o sistema de operação de uma fábrica?
Sir Ken Robbinson, autor do livro Out of Our Minds, explica que a escola surgiu durante a Revolução Industrial, para suprir o aumento da demanda por mão-de-obra das fábricas nas linhas de montagem.
Cadeiras enfileiradas e todos fazendo as mesmas tarefas de forma linear, não te lembra um chão de fábrica?
Pelo visto não crescemos sendo educados para sermos disruptivos, a pensar diferente, enfrentar grandes mudanças e principalmente a sermos questionadores.
É comum, quando optamos trilhar caminhos não tão convencionais, sermos desencorajado, julgado e até criticado, por nossos familiares, amigos, professores e até por pessoas que não tem nada a ver com isso, simplesmente pelo fato de querermos fazer algo diferente.
A frase de Alejandro, também me faz lembrar da passagem de Platão em a Alegoria da Caverna, onde os personagens eram homens que eram mantidos como prisioneiros (desde o seu nascimento) e que passam todo o tempo olhando para a parede do fundo que é iluminada pela luz gerada por uma fogueira.
Nesta parede são projetadas sombras de estátuas representando pessoas, animais, plantas e objetos, mostrando cenas e situações do dia a dia. Os prisioneiros ficam dando nomes às imagens (sombras), analisando e julgando as situações.
Entretanto quando um dos prisioneiros é libertado e conhece o mundo fora da caverna, deslumbra-se com essa nova realidade e ao tentar contar para seus antigos companheiros, é ridicularizado e ignorado.
Com esta alegoria Platão consegue resumir de forma brilhante, os fundamentos do seu pensamento filosófico, a partir da ideia da existência de dois mundos e que vivemos aprisionados pelos nossos sentidos às correntes da ignorância.
De modo que só é possível conhecer a realidade, quando nos libertamos destas influências culturais e sociais, ou seja, quando saímos da caverna.
“Pássaros criados em gaiolas acreditam que voar é uma doença”, e você? Já deixou de fazer algo por causa da opinião de outras pessoas? Quando foi a última vez que vez algo pela primeira vez?
Passamos a chamar de loucos aqueles que largam seus empregos para começar um negócio próprio, ou aquela pessoa que decide que quer mudar de profissão depois de anos estudando e trabalhando em uma área, aquele que decide mudar de cidade, estado ou país, ou até mesmo aquela pessoa que quer investir em algum hobby, bom, motivos não faltam para sermos loucos.
Em um mundo cheio de críticos, seja um incentivador de pessoas, como dizia Ricardo Jordão Magalhães.
Seja um questionador, seja disruptivo, acredite em você e tenha coragem para mudar, se reinventar e principalmente, sempre fazer melhor.
Deixo o link de uma palestra super interessante de Ken Robinson, pela Ted, chamada de “Será que as escolas matam a criatividade”?
Um abraço!
Matheus de Aguiar
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