Que a tecnologia está em constante transformação, não é mais nenhuma novidade, certo? O maior problema até então, é que não fomos instruídos a lidar com essas mudanças, o que torna todo esse processo algo dolorosos para as pessoas, tanto psicologicamente quanto fisicamente.
Por isso, frequentemente vemos algum termo novo relacionado a alguma doença descoberta causada pela tecnologia. Tecnoestresse (technostress, no original em inglês), já ouviu falar?
O tecnoestresse, é um termo que engloba todos os efeitos psicológicos negativos que resultam das mudanças na tecnologia, como a "nomofobia" (o temor de ficar sem acesso a um smartphone) até síndrome de vibrações fantasmas (quando você pensa ter sentido o celular vibrar, mas o aparelho nem está lá), passando por insônia causada pelas telas dos smartphones e o próprio vício nesses celulares inteligentes.
FOMO (Fear of missing out)
Você já ouviu falar da síndrome de “ficar por fora”? Termo originário do inglês o FOMO (fear of missing out) é um tipo de medo gerado por uma ansiedade forte quando as pessoas não estão vendo o que está acontecendo nas redes sociais ou em seus celulares, como e-mails perdidos, mensagens não respondidas ou notificações não vistas. O tecnoestresse está cada vez mais relacionado à compulsão!
Enquanto conectados, os usuários checam de maneira compulsiva todos os fluxos de comunicação e se sentem obrigados a responder a todos eles. Lá se foram boas horas, perdidas no uso compulsivo de redes sociais e aplicativos de troca de mensagens.
E como fica nossa cabeça como esse bombardeio de informações?
Com um nível de atenção menor que a de um peixinho dourado. De acordo com a pesquisa realizada no Canadá, o tempo médio de atenção de um peixinho dourado é de nove segundos, enquanto o da maioria das pessoas é de oito segundos. Estilos de vida digitais afetam a capacidade de manter o foco por longos períodos.
Ao fim de um dia de trabalho, muitas pessoas se sentem exaustas, com a sensação que trabalharam duro o dia todo. Entretanto grande parte desse cansaço é causado pela constante mudança mental de um meio de comunicação para outro, e a ansiedade e o estresse são ocasionados por essa comunicação incessante.
A tecnologia causa estresse, o que diminui a satisfação com o trabalho, o compromisso organizacional e a produtividade, isso é o que diz uma pesquisa feita pela Microsoft com cerca de 20 mil trabalhadores da Europa.
Ok, mas e ai? O que fazer?
Bom, compartilho com vocês todas essas aflições e problemas o qual luto todos os dias a fim de equilibrar meus níveis de produtividade no trabalho, capacidade de concentração, criatividade e ainda estar antenado com o que está acontecendo.
Encontrei através da meditação uma forma de aliviar um pouco minha ansiedade, organizar os meus pensamentos e controlar melhor as minhas emoções, assim podendo tomar decisões mais assertivas menos impulsivas.
Claro, ainda existe um longo caminho a ser percorrido, mas assim como qualquer outro músculo, é necessário disciplina e treino diário.
Mindfulness x meditação
Primeiramente, mindfulness pode ser definido como a habilidade de estar presente, ou seja, um estado mental no qual colocamos toda a nossa atenção para o presente momento, assim como ele se apresenta.
Além disso, Mindfulness é um conjunto de práticas e exercícios que utilizamos para treinar nossa atenção e desenvolver o estado de atenção plena. Utilizamos as técnicas mindfulness para atingir o estado de mindfulness.
Meditação, ajuda a reduzir o fluxo de pensamentos na nossa mente, para trazer-nos silêncio e paz interior. Faz-se através da respiração consciente, da repetição de um mantra ou a visualização. Embora a meditação esteja, muitas vezes, relacionada à espiritualidade e a elementos místicos, ela possui grande embasamento científico. Os benefícios da meditação são estudados desde o final da década de 1970 e várias descobertas foram feitas desde então.
Os benefícios da Meditação (mindfulness)
Segundo o pesquisador Marcelo Demarzo (doutor em patologia pela USP e professor da (Unifesp), programas de mindfulness promovem mudanças na estrutura cerebral devido à capacidade neuroplástica do cérebro – efeito captado pelos exames de neuroimagem.
“Algumas áreas cerebrais são mais beneficiadas pela prática, como o hipocampo, hipotálamo e córtex pré-frontal".
São áreas relacionadas à memória, à tomada de consciência do corpo em relação ao espaço (propriocepção), à tomada de decisões, ao raciocínio crítico, ou seja, às funções cognitivas em geral”.
No ambiente de trabalho, o mindfulness é estudado como uma ferramenta para impulsionar desempenho e qualidade de vida.
O mindfulness fortalece a qualidade da atenção, que fortalece o cognitivo, o emocional e o comportamental – e isso, por sua vez, melhora o desempenho e as relações no trabalho.
O interesse tem crescido tanto que grandes corporações têm seus próprios programas – é o caso do programa Search Inside Yourself (busque dentro de você) do Google, criado em 2007 por experts em mindfulness, neurociência e inteligência emocional como um treinamento interno para os funcionários – e hoje disponível em mais de 30 países.
Figura 1: Mudanças no cérebro após meditação podem ser vistas por ressonância magnética, atividade normal (esquerda) e durante a meditação (direita). As cores mais quentes, amarelo, vermelho, representam maior atividade cerebral.
Meditação para o desenvolvimento de Inteligência emocional
Você já deve ter ouvido falar em soft skills e que a tendência daqui para frente é que as empresas busquem por profissionais com habilidades socioemocionais que pertencem a um conjunto de competências que o indivíduo tem para lidar com as próprias emoções. Essas competências são utilizadas cotidianamente nas diversas situações da vida e integram o processo de cada um para aprender a conhecer, conviver, trabalhar e ser.
Competências como inteligência emocional, comunicação interpessoal, autocontrole, resiliência, flexibilidade, criatividade, adaptabilidade entre outras só são possíveis desenvolver através do domínio das emoções e o autoconhecimento, que podem ser exercitados pela meditação.
Meditação ou mindfulness?
A melhor meditação é aquela que você pratica e se sente bem. Estou gostando e vendo resultados positivos com as práticas diárias de respiração e atenção, principalmente na área profissional.
Espero que esse texto o tenha inspirado a pelo menos tentar e que a meditação possa te ajudar assim como eu a controlar melhor a ansiedade, se tornar mais produtivo e criativo, por mais que o mundo lá fora esteja gritando a todo pulmão.
Recomendo um canal de meditação guiada que me ajudou e me ajuda muito, o “Yoga para você”, onde tem vídeos de meditação guiada de poucos minutos, para quem diz que “não tem tempo” ou o aplicativo “Insight Timer” que você consegue imergir nesse universo personalizando sons ambientes, temporizador, instrutores de meditação entre outras funcionalidades.
A dica que posso te dar é não desista, tenha disciplina. Organizar nossa mente não é uma tarefa fácil, exige bastante treino e paciência, assim como tudo na vida.
Desejo que nesse 2020 você possa controlar mais seus pensamentos e emoções, suas atitudes e principalmente sua vida. É preciso ter calma e foco.
Um abraço,
Matheus de Aguiar
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